NFT: A Tecnologia que promete revolucionar

Nos últimos dias, você deve ter visto por aí o termo NFT relacionado à música e ficado confuso tentando entender do que se trata. O NFT significa “token não fungível”, que é um termo jurídico para bens que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade, ou seja, isso é totalmente adaptável para obras de arte como a música, por exemplo.

O NFT é uma espécie de selo de autenticidade digital, um tipo de criptomoeda, mas em vez de reter dinheiro, eles podem reter ativos como: arte, ingressos e música. Uma informação diferente gravada em cada ativo NFT o torna um produto diferente dos outros e é por isso que eles não podem ser substituídos e, por isso, tem muita gente vendendo os arquivos digitais como se vende uma obra de arte tradicional.

As criptomoedas estão ganhando força na indústria da música e pode apontar uma nova era que renderá milhões de dólares. Os NFTs operam em um blockchain, que é uma rede transparente e acessível ao público – o que significa que qualquer pessoa pode ver os detalhes de qualquer transação NFT. Os computadores envolvidos nas transações passam a fazer parte da rede, que se atualiza continuamente e não pode ser hackeada devido a sua natureza.

Resumindo, é uma forma de adquirir certificados de propriedade intelectual, que podem ser desde publicações no Twitter, GIFs famosos na internet quanto músicas ou outras obras de arte.

Deixando um pouco de lado os termos técnicos, vamos usar uma ótima analogia feita por Bia Pattoli, colunista do site Music non stop, para explicar para leigos o conceito: “O NFT é o equivalente a uma escritura que você recebe quando compra um imóvel. Na escritura contém todas as informações deste imóvel (quantos cômodos, metragem, garagem etc). Você só tem a posse do imóvel se tiver a escritura. Sendo que na escritura não tem o ‘imóvel em si – nem mesmo foto dele’, tem apenas a descrição detalhada do que você comprou.”

Um prédio pode ter 40 apartamentos, mas cada um é único e validado por uma escritura individual. O NFT é o equivalente à escritura. Nele, há todas as informações relacionadas à arte e/ou à música (ou o que quer que seja) comprada. A arte em si não está lá, mas sua descrição, sim, está na “escritura”.

Fonte: internet

NFT no Brasil

O Brasil já recebeu algumas plataformas de NFTs de músicas, a primeira a surgir foi a startup Phonogram.me com a proposta de criar uma espécie de bolsa de valores musical. A Ideia da plataforma é que através dela, qualquer um pode investir em um fonograma, por exemplo, e receber royalties sempre que ele é reproduzido em qualquer plataforma, similar ao mercado de ações.

Em vídeo institucional, o músico e embaixador da plataforma, André Abujamra, afirma: “É a democratização da indústria fonográfica… A ideia é colocar nas mãos dos criadores, das gravadoras e de quem mais tiver interesse a chance de lucrar com a valorização do seu asset mais importante – a música”.

Abujamra explica também que uma vez que se compra parte dos direitos sobre um fonograma, é como se o fã tornasse “socio” do artista. De acordo com a startup, músicos podem oferecer seu trabalho sem empresas mediando os serviços, trazendo mais liberdade financeira.

Além disto, gravadoras também podem monetizar o percentual que elas já possuem sobre produções através da Phonogram.me. No site, interessados podem se cadastrar na plataforma para participar dos testes.

Espera-se que todos esses NFTs aumentem de valor com o tempo. Devido aos contratos inteligentes, a receita gerada com a revenda futura irá para onde os artistas quiserem. Muitos acreditam que o modelo pro-rata baseado em assinatura do streaming prejudica irreparavelmente os artistas e os NFTs farão os fãs modernos quererem ter a música novamente.

NFT: Tudo o que você precisa saber. Ilustração de Joe Rodriguez – imagens do Adobe Stock (hands & Turntable) Adobe Stock (Bitcoin)/ Rolling Stone.com

Leia em seguida: A digitalização do entretenimento

Criando itens colecionáveis

Quando um artista cria um NFT de música eletrônica, define tudo o que está vendendo para criar o certificado (a tal da “escritura”). Pode ser apenas um arquivo MP3, até o copyright, se o artista assim desejar, ou mesmo um meet & greet virtual ou real, como pode ser também o acesso ao backstage em qualquer lugar que o artista for tocar.

Qualquer coisa pode se transformar num NFT. Para criar um, é necessário codifica-lo e coloca-lo em blockchain. Qualquer transação feita em NFT (criar, transferir a venda para o dono etc.) gera um custo de gás, que tem preço dinâmico e hoje não sai por menos de US$ 70 por conta do boom que anda rolando.

Toda transação feita de NFT gera custo de gás. Mas o que é afinal o gás? É o nome dado à tarefa de executar essas transações. Quando eu crio um NFT, eu pago o gás para codificar; quando vendo o NFT, novamente é cobrado o gás, já que transfiro o NFT do meu usuário para o usuário que comprou, ou seja, tenho aqui uma transação, e assim por diante.

O preço da codificação varia de acordo com o arquivo e sua multiplicidade, que será transformado num NFT, ou seja, quantos blocos ele vai gerar, além da variação de valores por conta de alta demanda, que tem valor dinâmico, assim como o Uber.

Para criar um NFT é necessário entrar para o blockchain, caso ainda não tenha o feito, comprar a moeda Ether (do Etherum) e depois criar uma carteira de criptomoedas, dai então, escolher um dos marketplace disponíveis, como as brasileiras Phonogram.me e All Be Tuned. O processo de cunhagem é muito simples, autoexplicativo e sem fricção, ou seja, qualquer pessoa consegue lançar seu NFT sem delongas e adentrar logo em seguida nesse mercado.

Como tudo, o recurso vem com polêmicas e divide opiniões. Acredita-se que o NFT vive atualmente o que a corrida do ouro viveu anos atrás, todo mundo quer participar, mas o alto custo de energia gasta para criar um NFT é um ponto critico que vem sendo amplamente discutido por causa de seu impacto ambiental – é preciso uma grande quantidade de capacidade de computação (e, portanto, energia) para mantê-los seguros.  

A busca por soluções, demanda a criação de projetos que façam sentido. Outro empecilho, é que o fã precisa estar inserido (ou se inserir) no blockchain, mas há uma luz no fim do túnel. A americana NBA Top Shot, vende figurinhas colecionáveis em NFT. O fã não necessariamente sabe que está comprando um NFT.

Ele sabe que está comprando figurinhas numeradas, colecionáveis, únicas e/ou raras, pois a Dapper Labs, empresa responsável pela plataforma, criou uma interface em que o usuário compra com cartão de crédito normal. Mas é justamente o NFT que garante a ele a autenticidade do que foi comprado. Para se ter uma ideia, nos últimos 30 dias foram vendidos US$50 milhões em figurinhas de NBA.

Itens colecionáveis disponíveis na plataforma da NBA Top Shot baseada em blockchain

Entendeu como a tecnologia funciona? O assunto levanta várias questões referentes à especulação do mercado e tem estimulado discussões acerca do que é a arte atualmente. No futuro, acredita-se que os NFTs abrirão as portas para a digitalização de todos os direitos de propriedade intelectual existentes e podem trazer fontes de renda extra para diversos outros segmentos.

A discussão em torno do assunto remete se ao que que acontece no mundo da moda, onde muitas peças que não são vistas pela população geral como interessante ganham preços exorbitantes devido à sua exclusividade, transformando algo simples em uma arte de valor inestimável e único.

O universo dos NFTs está engatinhando, há ainda um longo caminho a ser percorrido. O fato é que da mesma forma que um quadro de Picasso ou Van Gogh vale milhões por sua exclusividade, uma música ou uma arte exclusiva negociada com NFT pode repetir esse conceito de maneira digital graças à tecnologia que o protege e o torna único.

Enfatizo aqui a frase da Shara Senderoff, da Raised in Space, uma empresa focada em música e tecnologia: “A indústria da música tem relutado em se inovar, em abraçar ativamente as soluções de tecnologia necessárias para enfrentar seus desafios. E, por causa disso, a indústria da música se colocou do lado errado da história quando o assunto é tecnologia.”

Por fim, a pandemia acelerou a possibilidade de disrupção na indústria da música e tem mostrado potencial para explorar diversas possibilidades para os artistas.

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Pedro Caixeta

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